Qual o segredo para manter um grupo tão unido como foi a seleção nacional neste Europeu, e como se pode adaptar á nossa vida profissional, politica e social?
o segredo é ter noção de que o “nós” é sempre mais importante que o “eu”. O “eu”, “tu”, “ele” ou “eles” não conseguem por si só alcançar grandes objectivos comuns. O “nós”, sim. O espírito colectivo, de grupo, de solidariedade, de entreajuda, de compreensão mútua, é indispensável para as grandes vitórias.
Em que aspeto é que a engenharia influenciou, no seu percurso futebolístico? Em particular na sua prestação enquanto selecionador nacional?
a engenharia influenciou a minha carreira desportiva, tal como a minha experiência no futebol influenciou a minha carreira académica e profissional. Todas as nossas experiências e o conhecimento que vamos adquirindo são úteis e vão influenciando a nossa maneira de ser e as opções e decisões que tomamos em todos os aspectos da vida. Aprendemos constantemente e ao longo de toda a vida.
Congratulo a força de acreditar desde o início. Obrigada pelo exemplo de perseverança num país de indivíduos que maioritariamente se inferiorizam. É mais importante acreditar em si mesmo ou numa equipa que acredita em si própria?
A comédia não tem uma componente política no seu exercício, comédia é comédia quando faz rir, ponto. A comédia não é mais do que a velha estória do palhaço rico e do palhaço pobre, o que se passa é que na política muitas vezes é assim também.
A comédia tem uma componente política se o entendimento de quem a ouve for esse, se através da comédia conseguimos alertar para algo melhor.
Os políticos (e as outras pessoas) têm vindo a ter uma melhor abertura para o humor. Hoje qualquer pessoa tem acesso a canais por cabo estrangeiros, à internet, redes sociais, etc, logo faz com que estejamos mais abertos a outras realidades. A classe política sabe (porque são inteligentes) que se se associarem ao humor serão mais "modernos". Mas nenhum deles na minha opinião daria um bom comediante, o mais importante na comédia é o timming, e na política mesmo quando acertam já vem fora de timming.
Caro Eng. Fernando Santos, acabámos de passar mais uma olimpíada e voltaram as críticas aos atletas pelos seus resultados. Sendo o Sr. Engenheiro uma personalidade com tantos anos no mundo da alta competição, qual é a sua opinião sobre o papel do Estado na melhoria das condições de trabalho dos atletas?
Sente que a conquista recente do campeonato europeu de futebol transgride a dimensão futebolística propriamente dita? Se sim, em que medida e qual o impacto na mentalidade do povo português?
Conseguissem todos os actores políticos fazer o que fez Fernando Santos: "fazer muito, com pouco" e atingir o sucesso num cenário de (grandes) adversidades. Esse é, de resto, o desafio do dia-a-dia de (quase) todos os portugueses. Desta forma, qual foi, para si, o verdadeiro significado de vencer o Euro 2016 e dar aos portugueses uma felicidade ímpar, tornando-se, para muitos, a ideia realizada de que, afinal, o sucesso é possível?
Seguindo a crítica do atleta Fernando Pimenta que "(...) Portugal é um país de futebol. Ponto! (...)", concorda ou não que há um apoio excessivo a esta modalidade, com detrimento de outras modalidades desportivas (e até que ponto se justifica)?
O que é que o levou a seguir uma carreira tão diferente da que se licenciou? e de que forma essa decisão teve impacto no mais recente feito da nossa seleção?
Na sua ótica o Estado deveria ter uma maior contribuição com o Comité Olímpico de Portugal? A contribuição do Estado será uma influência nos resultados dos atletas?
Não se pode dirigir uma pergunta a Fernando Santos sem antes agradecer a oportunidade que deu a muitos portugueses de pelo menos uma vez na vida terem a oportunidade de vestir o papel de Campeão Europeu de Futebol.
A vitória de Portugal frente à França foi histórica, pelo menos, para nós, Portugueses.
Podemos sonhar com uma nova vitória num próximo campeonato?
O que é que mudou na estratégia da selecção nacional para este Europeu de 2016 ter ficado na memória de muitos nós?
Que lições transporta da evolução relativamente recente do futebol português (antes de 2000 não eramos sequer presença assídua nos principais eventos da modalidade) para outras modalidades praticadas no nosso país?
Ser treinador é, de uma forma, um gestor. Seguindo uma linha de pensamento, como é que se pega num grupo de 11, 20 ou 30 pessoas e se o transforma numa equipa vencedora em que o todo é maior que a soma das suas partes?
Durante o europeu pudemos ver que apresentou uma equipa bastante tática e rígida a esse nível, por isso pergunto quais os motivos que o levaram a optar por essa estratégia? Obrigado.
Há muito tempo que a seleção nacional tem em falta um verdadeiro 9. Isto dito: o André Silva é a resposta? Mias alguma vez pensou que o "Éderzito" seria o herói de um jogo sem o Cristiano Ronaldo?
A sua perseverança é uma qualidade que devia ser seguida por todos os jovens na busca por um objetivo. Como conseguiu manter a fé no percurso europeu apesar de ter encontrado algumas pedras no caminho?
Sendo formado ISEL, no Instituto Politécnico de Lisboa, sente que a sua formação em engenharia lhe deu ferramentas essenciais para o desenvolvimento da sua atividade profissional ou que é apenas "mais uma" área onde tem conhecimento aprofundado?