Simulação de Assembleia: Proibir símbolos religiosos
Joana Barata Lopes
Peço aos grupos que ocupem os seus lugares. Para ocupar o
lugar do Governo, chamo o Grupo Azul. Da Oposição 1, à nossa esquerda, o Grupo
Roxo, e a Oposição 2, à nossa direita, o Grupo Rosa.
Tão rápido quanto puderem…
Dep.Carlos Coelho
Atenção a todos. Como estamos numa lógica de rotação,
quando vocês saem dos vossos lugares têm que trazer as vossas coisas, sob pena
de não haver depois lugar para sentar aqueles que saem aqui das filas da
frente.
Há outra coisa que me esqueci de dizer, mas que digo a
todos. A parte mais divertida do exercício anterior foi uma coisa que todos
fizeram. Estas assembleias estão a ser presididas alternadamente pela Joana e
pelo Nuno Matias. Foi uma delícia ver todos os grupos dirigirem-se ao Nuno Matias
por senhora presidente.
Nós vamos atazanar o Nuno nos próximos três meses à conta
de vocês.
[Risos]
Joana Barata Lopes
Vamos prosseguir a nossa sessão parlamentar. Vamos para o
ponto três da ordem do dia que se relaciona com o tema da proibição dos
símbolos religiosos.
Para apresentar a proposta do Governo Azul tem a palavra
o senhor Ministro Bernardo Barbosa. Dispõe de cinco minutos.
Bernardo Barbosa
Boa tarde a todos. Gostava de começar por cumprimentar os
membros da Mesa, na pessoa da senhora Presidente, Joana Barata Lopes.
Caríssimos governantes, senhoras e senhores Deputados,
restantes persentes;
Ao longo da história mundial temos vindo a assistir a
vários conflitos causados por divergências religiosas, sendo este o denominador
comum dos diferentes conflitos. As cruzadas, que foram uma série de campanhas
entre os séculos VI e VII, com o objetivo declarado de reconquistas as terras
santas das invasões muçulmanas, e vir em auxílio do império bizantino.
As guerras religiosas francesas, que foram sucessões de
guerras em França durante o século XVI, entre os católicos e os protestantes.
Ou, como todos conhecemos, a guerra dos trinta anos, outra guerra entre
católicos e protestantes.
Ilustres Deputados, já nos dias que correm assistimos a
diversos conflitos armados por motivos religiosos, e todos vocês os conhecem
bem. Desde logo no Afeganistão. Assistimos a um conflito entre fundamentalistas
radicais islâmicos e não islâmicos. A violência no país já matou mais de 150
mil pessoas, senhores Deputados.
Já na Nigéria, não é só o rio Níger que separa cristãos e
muçulmanos, mas também a sharia, a Lei Islâmica, principal legislador daquele
país. A violência naquele país já matou mais de dez mil pessoas – um escândalo!
No Iraque verificamos um conflito armado entre xiitas e
sunitas, originando a morte de mais de cerca de setenta mil pessoas. Em Israel
observamos também o conflito entre judeus e muçulmanos, originando a morte a
mais de dez mil pessoas.
Após estes exemplos internacionais, dos quais já todos
sofremos consequências, está na hora de salvaguardar a nossa nação e o nosso
povo. Os símbolos religiosos podem ter, por si só, um elevado poder de exclusão
de pessoas na sociedade, prejudicando assim os demais direitos, liberdades e garantias.
Com a vaga de terrorismo que se tem sentido em toda a Europa, vimos por este
meio proibir a utilização de todos e quaisquer símbolos religiosos em locais
públicos. Por isso, propomos o presente projeto de Lei.
Senhores Deputados, há que convergir quando temos de
convergir e divergir quando temos de divergir.
[Aplausos]
Caros Deputados, apesar de todas as divergências, a
segurança do nosso povo tem que ser o mais importante.
Obrigado.
[Aplausos]
Joana Barata Lopes
Muito obrigada, senhor Ministro. Para a primeira
interpelação ao Governo, pelo Partido Roxo, tem a palavra a Deputada Daniela
Lourenço. Dispõe de três minutos.
Daniela Lourenço
Senhora Presidente da Assembleia da República, senhores
membros do Governo, senhor e senhoras Deputadas;
Começo por citar o seguinte excerto constante do preâmbulo
da proposta de Lei do seu Governo: os símbolos religiosos podem ter, por si só,
um elevado poder de inclusão. É o que diz aqui; não é exclusão, como vocês
estão a dizer. Ou seja, trabalho de casa mal feito, estou a ver. É só um erro
que eu quero mencionar.
Depois, é assim: proibir a utilização de todos e
quaisquer símbolos religiosos em locais públicos é, a nosso ver, uma proposta
de uma medida inconstitucional. A Constituição da República Portuguesa consagra
o laicismo de Estado. Isto é, o Governo rejeita a influência da Igreja na
esfera pública do Estado e vice-versa, considerando que os assuntos religiosos
devem pertencer somente ao indivíduo.
Peço desculpa, mas aqui também outro erro. Trabalho de
casa mal feito. Artigo 2.º: o presente diploma destina-se a todos os residentes
e não residentes em território nacional? Peço dez segundos da sua atenção para me
explicar isto.
Para continuar, vamos aqui aos objetivos desta medida.
Peço desculpa, eu vou continuar, e no fim… Prevenir conflitos entre grupos
religiosos. É com a negação da liberdade de expressão que vai acabar com os
conflitos?
Meus caros, a liberdade de expressão foi conquistada,
demoramos décadas, temos que a preservar. A exclusão social… falámos aqui de
assegurar a segurança nacional e a ordem pública e prevenção de ataques
terroristas. Meus caros, a exclusão social alimenta ainda mais o terrorismo.
Vamos falar então do exemplo do Estado Islâmico, que tem
como grande fonte de recrutamento, precisamente, os jovens que se sentem
menosprezados e alienados da sociedade. Terá efeito, assim, esta medida que
vocês tendem a ir contra todos os ideais que temos lutado. Grupos extremistas,
meus caros, grupos extremistas, começam exatamente com estas medidas. [ Joana Barata Lopes : Dispõe de 30
segundos, senhora Deputada]
Para acabar. Evitar discriminações religiosas, igualdade
de acesso ao trabalho? Este argumento não faz sentido nenhum. Pelos princípios
constitucionais e laborais, não temos de lutar no sentido da possibilidade de
discriminação por crença religiosa. Ou seja, não pode ser, sequer, uma hipótese
admissível.
Para acabar. Mudam-se os tempos, meus caros; mudam-se os
tempos, mudam-se as medidas. Conquistamos a liberdade… [ Joana Barata Lopes : Tem que terminar, senhora Deputada]
[Aplausos]
Joana Barata Lopes
Muito obrigada. Para a segunda interpelação ao Governo
Azul, tem a palavra a Oposição 2, do Grupo Parlamentar Rosa, senhor Deputado
Gustavo Pereira. Dispõe de três minutos.
Gustavo Pereira
Obrigado, senhora Presidente.
Senhora Presidente, caros membros do Governo, senhoras e
senhores Deputados;
Senhor Ministro, eu sei que já tem uns aninhos e que já
sofreu algumas alterações, mas no que respeita a matéria de liberdade religiosa,
não sofreu alterações. Sim, eu estou a falar deste livro, da Constituição da
República Portuguesa, que os senhores não conhecem.
Eu aconselho a leitura, é leitura fácil, 296 artigos,
passa à frente o Preâmbulo, e em meia hora tem a coisa resolvida. O seu
problema vai ser cumprir e respeitar a Constituição da República Portuguesa.
Isso é que vai ser difícil.
Mas deixe-me dizer-lhe uma coisa. Quem conhece a
Constituição da República Portuguesa, chega à alínea d) do 288.º e pensa assim:
qual é a necessidade? É que só um governo que governasse de forma ditatorial
seria capaz de pensar numa revisão constitucional com vista a restrição de
direitos, liberdades e garantias. É aí que damos de caras com o seu governo. É
aí que percebemos que realmente a Constituição tem a necessidade de limitar as
revisões constitucionais nesta matéria.
Mas digo-lhe mais. Mesmo que a Constituição não travasse
à partida esta proposta, que ataca violentamente o Estado de Direito, acredite
que nós fá-lo-íamos. Não conta com esta bancada para atacar os direitos dos
portugueses. Esta medida por aqui não passa. Como se costuma dizer, vá à volta,
que por aqui não passa. Para passar esta medida, teria de correr connosco
daqui.
Esta proposta é uma autêntica e genuína promoção ao ódio.
Os esforços por parte dos líderes religiosos têm sido imensos, no sentido de
fazer a separação ente religião e terrorismo. E agora, vem o Estado português,
o Governo português, membro de organizações internacionais, apresentar uma
medida, uma proposta que associa diretamente religião e terrorismo.
E como é que se faz isto? Proibindo símbolos religiosos,
a utilização de símbolos religiosos. Senhor Primeiro-ministro, eu não entendo,
eu não entendo como é que eu, ficando proibido, ou alguém, ficando proibido de
usar uma cruz, um crescente ou um bode às costas, vai evitar que se faça um
ataque terrorista, senhor Primeiro-ministro. Não consigo compreender, e vai ter
de nos explicar isto.
Senhor Ministro, deixe-me terminar com um conselho. Eu há
pouco dizia que para fazer passar medidas deste tipo, tinha de correr connosco
daqui. [ Joana Barata Lopes : 30
segundos, senhor Deputado] Vou terminar. Tinha de correr connosco daqui. Mas
termino com um conselho. É que se os senhores continuarem a apresentar medidas
como esta, quem vai ser corrido daqui são os senhores, e é pelo povo português.
Obrigado.
[Aplausos]
Joana Barata Lopes
Muito obrigada, senhor Deputado. Para responder às
interpelações, tem a palavra o senhor Ministro Bruno Rocha, pelo Governo.
Dispõe de três minutos.
Bruno Rocha
Muito obrigado, senhora Presidente da Assembleia
República, caríssimos Deputados;
A religião é algo que, têm que perceber, é algo íntimo, é
algo que parte da pessoa individual, não é algo que passe por todo o coletivo.
Uma pessoa não deixa de ser religiosa só por não usar um símbolo. É algo que
parte da fé. Um católico não deixa de ser católico por não andar com uma bíblia
ou não andar com um crucifixo. Um muçulmano não deixa de ser muçulmano por não
andar com uma burka. A religião não é baseada em adereços.
Falam da liberdade que está na Constituição portuguesa.
Este Governo defende essa liberdade. O Estado português é laico, certo? Como
tal, a esfera pública também tem que ser laica, não pode haver manifestações.
Vocês sabem, deduzo eu, que há pessoas, em Portugal, que não têm religião. São
ateus. Como é que vocês vêm essas pessoas? Os ateus também se podem sentir
ofendidos ao ver símbolos religiosos. Há que defender também essas pessoas.
Falam da questão das minorias. A existência de minorias,
concordo com a senhora Deputada, pode ser aproveitada pelo Estado Islâmico para
a criação de grupos extremistas em Portugal que pode favorecer o terrorismo.
Nós, com esta proposta, pretendemos combater isso mesmo.
Imagine-se, em Portugal, a maioria da população é
católica. Existem feriados católicos, o Natal. Não vamos pensar nas pessoas
que, se calhar, não têm a religião católica e também mereciam festejar os seus
feriados? Mas não festejam. Mas sabe que têm Subsídio de Natal, sabe que tem
férias no Natal. Existe feriados para os muçulmanos? Não existe. Se quer
igualdade, é igualdade para todos.
Joana Barata Lopes
Pedia que criassem condições para que o senhor
Ministro terminasse, por favor.
Bruno Rocha
Se educar é sensibilizar, então se educarmos a população
portuguesa e sensibilizarmos que, para se darem ao respeito, têm que ser
respeitados, temos que implementar esta medida, porque se não implementarmos
esta medida estamos a favorecer o extremismo, sim, e vocês, na realidade, estão
a ser os verdadeiros terroristas que estão em Portugal.
Muito obrigado.
[Aplausos]
Joana Barata Lopes
Muito bem. Finalizado o exercício, vamos passar às
votações.
Peço aos grupos neutros que votem. Quem entende que foi o
Grupo Azul, representado no Governo, que ganhou o debate, por favor levante o
braço.
Podem baixar, muito obrigada.
Quem entende que foi o Grupo Roxo, a Oposição 1, que
ganhou o debate, levante o braço.
Muito obrigada.
Quem entende que foi o Grupo Rosa, a Oposição 2, que
venceu o debate? Sendo que o grupo não pode votar. Mas ainda bem que concordas
que foi o teu grupo.
Nós estamos a contar exatamente os mesmos votos para um
lado e para o outro. Eu vou pedir novamente…
Quem entende que foi o Governo do Grupo Azul que venceu o
debate, por favor levante o braço. Decida de uma vez, não mude de ideias, essas
coisas…
Muito obrigada, podem baixar.
Quem entende que foi a Oposição 2, do Grupo Rosa, que
venceu o debate, por favor levante o braço.
A diferença que nos dá é por um voto. Naturalmente dando
os parabéns a todos os grupo, dizer que, de acordo com a nossa contagem, por um
voto ganhou a Oposição Rosa neste debate.
Relativamente à temática – e agora peço a todos que votem
– quem é a favor da proibição dos símbolos religiosos?
Quem é contra a proibição dos símbolos religiosos?
Muito bem, resulta claro que a larga, larga, larga
maioria é contra a proibição dos símbolos religiosos. Muito obrigada.
Passo a palavra agora ao magnífico Reitor.
Dep.Carlos Coelho
O que é que se deve evitar? Bernardo, aquilo que é mais
crucial no terreno parlamentar é o tempo. O tempo é o nosso património mais
disputado. Na Assembleia da República ou no Parlamento Europeu ou em qualquer
outro… No Parlamento Europeu, então, é uma coisa impressionante, a maior pate
das intervenções são entre um minuto e meio e quatro minutos.
Vocês tinham cinco minutos para fruir e desperdiçaram
metade. Falaram dois minutos e meio e deixaram pela borda fora dois minutos e
meio. Às vezes não é por falar mais que se ganha mais razão, não é por falar
mais que se ganha mais apoio. Mas a ideia de que vocês tinham um património e
que só gastaram metade, dá a ideia de que desperdiçaram alguma coisa. Eu não
posso hoje responder à pergunta se o Bernardo tivesse falado o dobro do tempo,
se não teria conseguido ganhar o dobro dos apoiantes.
Dito isto… Daniela, cuidado com os solavancos. É bom
modular a voz, não fazer sempre um registo regular, porque isso adormece a
audiência, mas excessivos solavancos dão uma imagem de insegurança e não
permite captar a atenção.
Na minha opinião pessoal, a vossa votação foi justa, a
Oposição 2 ganhou claramente o debate, e a prestação do Gustavo foi fantástica.
Mostrou a Constituição da República Portuguesa, teve imensa graça na forma como
disse que aquilo é uma leitura fácil. Os que tiveram que estudar direito e
estudaram a Constituição, devem-se ter arrepiado com a maneira completamente à vontade
com que ele disse isto é uma leitura fácil, você passa o Preâmbulo, e depois é
só uma tarde para ler aquilo, são pouco mais de duzentos artigos – fantástico!
Teve bons argumentos, teve fantásticos sound bites , "não contem com esta
bancada para limitar os direitos dos portugueses”. "Não defendemos a promoção
do ódio”. Teve um excelente punch final. O Gustavo esteve cinco estrelas, e
dou-lhe os parabéns.
O Bruno, salvou a prestação do Governo, na minha opinião.
O Bruno demonstrou muita inteligência a tentar contornar os argumentos, alguns
deles falaciosos. Fê-lo com muita eloquência, fê-lo com muita inteligência. O sound bite mais brilhante do Bruno é que
os símbolos não são só adereços, ou são só adereços. Teve muito… a piada de
como é que se faz com os ateus. Viu-se que prepararam os argumentos, os
contra-argumentos, e estiveram muito bem nisso.
Esta ponta final do debate foi, de facto, a mais
excitante. Eu acho que esta votação à pele que aconteceu é muito graças à forma
inteligente como o Bruno respondeu às acusações do Gustavo.
Duarte Marques
Três ou quatro notas bastante rápidas. O Bernardo tem uma
boa voz, mas estavas a falar aos tiros, parecias o Pedro Mota Soares. Tu tinhas
as coisas pensadas, estruturadas, a pesquisa foi boa, foi inteligente ir buscar
esses exemplos todos, mas estavas ali aos solavancos. Tu sabias as frases, ou
ias lendo, e cada vez que lias, falavas. E isso não parecia uma coisa
harmoniosa.
Aliás, é o mesmo erro da Daniela. Também tem boa voz, ia
tendo umas coisas engraçadas a dizer, tinha razão nos argumentos, mas estava
assim… E tu fizeste a mesma coisa. Se isso fosse tudo mais suave, terias tido
muito mais impacto e muito mais resultado. E foi inteligente a forma como
agarraste aí o computador, e como puseste uma caneta na mão, porque as tuas
mãos tremiam todas. Vocês não veem daí, mas ele ia agarrando a caneta para um
lado, a caneta para o outro, para saber onde é que devia pôr as mãos. É um
truque, é um bom truque, vocês não viam, que ele tinha o computador à frente,
mas atenção ao que aprenderam na aula do Falar Claro: se as pessoas estão a ver
isso, por acaso, estão distraídas com a vossa mão e não andam a ver o que vocês
estão a dizer. Cuidado com esse truque, mas foi inteligente.
O Gustavo, eu estava deliciado a ouvi-lo, foi top. A
sério, foi mesmo brutal. A primeira parte, então, foi muito, muito acima da
média. Depois para o final atrapalhaste-te mais um bocadinho. Mas foi, até
agora, acho que a melhor intervenção, pela forma como estavas ali a fazer quase
uma lide numa corrida de toiros, a brincar com eles, porque estavas tão à
vontade e com os argumentos tão bem pensados, que estiveste mesmo, mesmo muito
acima da média. Para um adepto do Futebol Clube do Porto, surpreendeste-me.
[Risos]
O Bruno esteve muito bem, foste muito inteligente. Eu não
concordo nada com isso, mas quase que me convenceste com a tua teoria, que foi
bastante esperta, inteligente, e conseguiste ser populista também nalguma
parte, e eu acho que isso foi inteligente.
A única crítica que te faço: não digas "vocês”, fica mal,
não fica bem. Nem "você” nem "vocês”, não se usa. Os senhores deputados, os
senhores eleitores, etc. E há bocado houve alguém que disse "quaisqueres”, não
sei se não foste tu. Foi um deles que disse. Não digam "quaisqueres”, é
"quaisquer”, o plural é "quaisquer”.
Mas de resto foi um bom debate, e felizmente só houve um
voto a favor desta proposta, o que me deixa bastante mais descansado sobre esta
geração da JSD.