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CGD:"É um processo com uma sucessão de trapalhadas"

No segundo dia da 14ª Edição da Universidade de Verão do PSD, 30 de agosto, a vice-presidente do PSD, Maria Luís Albuquerque caracterizou o processo da Caixa Geral de Depósitos (CGD) como "uma sucessão de trapalhadas" e elogiou a "retidão" da administração que ainda está em funções.

Durante a sua intervenção na Universidade de Verão, que decorre em Castelo de Vide até domingo, Maria Luís Albuquerque afirmou que “aquilo que tem sido feito é um manual do que não se deve fazer ou do como não se deve fazer”, disse, classificando o processo da CGD como “uma sucessão de trapalhadas que desrespeita a instituição e desrespeita o conselho de administração que ainda está em funções”.

Elogiando a "retidão" e a disponibilidade da atual administração para manter a instituição a funcionar apesar das dificuldades e do desrespeito que lhe tem sido manifestado, a vice-presidente do PSD disse ser necessária uma palavra de elogio.

"A administração que agora está de saída merece essa palavra de elogio", sublinhou, lamentando que a nova administração vá entrar "desnecessariamente fragilizada", o que é "algo que nunca se deve pretender para uma instituição com a importância e a relevância da CGD".

Maria Luís Albuquerque voltou ainda criticar a ausência de explicações por parte do atual Governo sobre o acordo de princípio que está a ser negociado desde abril e sobre o qual ainda pouco se conhece.

"Há muitas coisas que ainda não sabemos e que é fundamental que se venham a saber, nomeadamente quanto é que isto custa aos portugueses e quanto custa de várias formas", referiu.

Insistindo que deveria ser o atual executivo a explicar com clareza o plano que está a ser negociado, e não deixar essa tarefa para a administração do banco público, Maria Luís Albuquerque apontou algumas das perguntas para as quais ainda não existe resposta.

"Quais são os custos de reestruturação? O que é que isso tem de implicação na atividade da Caixa, na implantação no território, aquilo que tem de impacto na sua componente de negócio internacional, o que é que vai acontecer também nessa frente? E, muito importante, para quê? Porque é que está a ser feito isto na CGD, o que é que a CGD vai ser capaz de fazer mais e melhor com as condições que este plano lhe dará", questionou.

A vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque criticou o caminho seguido pelo atual Governo de "repetição do que já foi feito", lembrando que o resultado foi uma crise financeira e um pedido de resgate.

No regresso à Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, Maria Luís Albuquerque recordou que a aposta na distribuição de recursos internos do atual governo para consumo interno já foi testada no passado e resultou numa crise financeira que obrigou um pedido de resgate.

"Quando se desenvolve um modelo que diz que é com o aumento do consumo, com o estímulo da procura interna que nós vamos conseguir crescimento, aquilo que nós podemos estranhar é porque é que alguém se surpreende com o resultado que estamos a assistir", vincou, insistindo que se trata de "uma repetição do que já foi feito antes".

Recusando as "desculpas" do "inimigo do costume", ou seja, as crises externas, porque países com a mesma envolvente externa apresentam taxas de crescimento muito superiores à portuguesa porque estão "a fazer as escolhas certas", a vice-presidente do PSD disse estar a ter uma sensação de ‘déja vu’, recordando que não foi assim há tanto tempo que a atenção internacional estava focada em Portugal pelos piores motivos.

"O que é penoso é perceber quão rapidamente se destrói aquilo que foi tão difícil construir e exigiu tantos sacrifícios dos portugueses", lamentou, considerando que as dúvidas que os investidores já apresentam são um "sinal de alerta" que não pode ser ignorado.

"A esquerda tem uma enorme vontade de distribuir riqueza, mas uma aparente falta de vontade de criar riqueza", disse, considerando que procurar distribuir o que não se tem é apenas distribuir mais dívida, mais impostos e mais encargos futuros.

A 14ª Edição da Universidade de Verão do PSD decorre até 4 de setembro, em Castelo de Vide, e contará na sessão de encerramento com a presença do Presidente do PSD, Pedro Passos Coelho.