ACTAS  
 
8/29/2016
Sessão formal de Abertura
 
Juliana Correia

Sejam bem-vindos à Universidade de Verão 2016. Hoje inicia-se uma das experiências mais incríveis que irão viver. Durante a próxima semana terão a oportunidade de aprender com os melhores oradores nas mais variadas áreas que vos possibilitarão uma atividade cívica e política mais qualificada no futuro.

Há um ano atrás, também eu, a Sofia e o Rafael, vossos conselheiros, chegávamos a Castelo de Vide com a completa incerteza daquilo que nos esperava. Pela minha parte, depois de uma candidatura reticente fui recebida, neste mesmo hotel, pelos sorrisos mais doces, pelos abraços mais apertados, das pessoas que me acompanharam ao longo da semana, nesta semana de trabalho intenso e de grandes emoções.

Não nos conhecíamos de lado nenhum, mas no final da semana já não queríamos ir embora. Criámos uma verdadeira família, onde nos apoiamos nos momentos de maior tensão, de desespero por causa da grande quantidade de trabalho. Mas isso só nos fez criar maior amizade que até hoje prevalece.

Em equipas, fomos capazes de superar cada missão, cada desafio, e tenho a plena certeza de que vocês também serão capazes.

Há catorze anos que esta Universidade se preocupa em trabalhar por vós e para vós. São quase 1.500 alunos que se sentaram nessas cadeiras e que hoje são grandes personalidades na nossa sociedade. Na próxima segunda-feira, quando acordarem, nada à vossa volta será igual. Vocês terão mudado. A minha esperança é que se lembrem frequentemente desta semana como um tempo de grande aprendizagem que vos ficará para o resto da vida.

Convido-vos agora para ver o vídeo resumo da edição de 2015.

Sejam bem-vindos à família UV.

[Som do vídeo UV 2015]

Olá, boa tarde, eu sou Paulo Colaço e esta é a vossa UVTV.

Estamos em Castelo de Vide para a 14.ª edição da Universidade de Verão. Esta iniciativa do PSD, da JSD e do Instituto Francisco Sá Carneiro, começa agora. Por isso, preparem-se para um programa bastante preenchido, com aulas, jantares-conferência, trabalhos de grupo e desafios muito aliciantes.

O deputado europeu Carlos Coelho tem sido o diretor deste curso desde o seu início e é acompanhado por uma equipa talentosa e experiente que conta com muitos antigos alunos da Universidade de Verão.

A UVTV vai acompanhar os vossos trabalhos e, nesta primeira reportagem, a nossa missão é mostrar-vos como funciona esta semana aqui em Castelo de Vide. Como já sabem, a UV é o mais mediático evento de formação política em Portugal e cada um dos 100 participantes é escolhido pelo seu valor. Vocês formam uma verdadeira seleção nacional dos jovens altamente capacitados e interessados em ajudar o nosso país.

Ao escolher os alunos em cada edição, o júri premeia o vosso mérito, sem esquecer o equilíbrio entre idades, género e proveniência geográfica.

À chegada ao Hotel Serra e Sol, todos os participantes recebem o kit essencial para sobreviverem a esta experiência. As regras das UV, os cartões de voto, o "quem é quem”, o crachá individual e as fichas de participação.

Os alunos são distribuídos em dez grupos, cada qual com a sua cor e o seu estandarte.

Em 2015, Carlos Coelho e Rodrigo Moita de Deus iniciaram as aulas com a imprescindível sessão "Falar Claro”; Maria Luís Albuquerque falou de Finanças Públicas Sustentáveis.

No segundo dia de aulas, José Manuel Durão Barroso respondeu à pergunta "O que se passa com a Europa?”; e Jorge Moreira da Silva explicou o Compromisso para o Crescimento Verde. Pedro Sousa e Fernando Resina da Silva esgrimiram argumentos sobre a Internet de hoje: "Garantir a Liberdade ou Reforçar a Segurança” foi o tema do debate.

Filipe Santos trouxe à Universidade de Verão o tema "Inovação Social: Reforçar a Sociedade Civil”. O Portugal 2020 para o Crescimento e Emprego foi dissecado por Miguel Poiares Maduro e Manuel Castro Almeida.

Finalmente, Paulo Rangel falou do Sistema Português no Quadro dos Sistemas de Governo.

Os jantares-debate de 2015 contaram com as presenças de António Nobre Pita, Horta Osório, Leonor Beleza, Henrique Leitão, Nuno Melo, Luís Montenegro e Fátima Bonifácio.

O trabalho de grupo de 2015 foi sobre os jovens e a política, com comentários a cargo do líder da JSD, Simão Ribeiro.

Um dos momentos mais aguardados por todos os participantes foi a simulação parlamentar. Neste jogo treina-se a oratória, a argumentação e a apresentação de uma proposta política. Cada grupo esteve uma vez no papel do Governo e duas vezes como Oposição. Os antigos presidentes da JSD, Carlos Coelho e Duarte Marques, avaliaram os discursos dos participantes.

Porque na UV damos muita importância à avaliação, no final de cada sessão, os alunos votam de braço no ar o grau de utilidade do tema debatido. E, por voto secreto, avaliam todos os aspetos da aula.

O JUV é o jornal diário da Universidade de Verão. Traz os acontecimentos mais importantes de cada dia e é distribuído de madrugada, sempre feito com a vossa ajuda.

O evento mais solene da UV é a cerimónia de encerramento, com todo o país de olhos postos em nós. Vamos ouvir um pouco do que foi dito em 2015.

Carlos Coelho:

Sr. Dr. Passos Coelho, o senhor é um bom exemplo, fez o seu caminho de pedras. Tomou posse e só encontrou pedras. Da situação económica difícil, da situação financeira impossível, da tutela internacional sobre Portugal – não se queixou, nem tropeçou. Deu provas de coragem, de resiliência, de determinação. Governou, não a pensar nas facilidades, nem no apoio fácil, tomou medidas difíceis, porque para si o fundamental era colocar o país num ritmo de crescimento e de progresso.

Simão Ribeiro:

Pergunto eu a Dr. Costa: com as suas políticas, se algum dia tivesse oportunidade para governar, quer gerar mais ou menos desemprego em Portugal e para os jovens portugueses? Decida-se, Dr. Costa.

Pedro Passos Coelho:

Não podemos canalizar o financiamento para proteger os maus negócios, apenas porque temos lá gente amiga ou mais conhecida, em quem confiamos mais porque andamos com eles no Liceu ou na Universidade, porque os conhecemos no nosso partido ou noutro sítio qualquer. Não é para isso que existem os bancos nem os governos, não é para trazer os amigos, é para trazer as pessoas que são competentes.

Cada UV tem uma história diferente e neste ano ela é escrita por vós. A expectativa é muita mas a confiança também. Vamos a isso. Boa sorte e bom trabalho.

[Aplausos]

 
Dep.Carlos Coelho

Senhor Vice-presidente Jorge Moreira da Silva, Senhor Presidente do Instituto Sá Carneiro, Pedro Reis, Senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, a quem vamos saudar de forma especial no jantar formal, dentro de momentos, Dr. Duarte Freitas, que terá ocasião de nos dirigir a palavra também durante o jantar formal de abertura, Senhor Presidente da JSD, Senhores Diretores Adjuntos, Senhor Deputado Duarte Marques, Dr. Nuno Matias, Senhor Deputado Cristóvão Crespo, cara Juliana Correia, senhores convidados, caros participantes, sejam todos bem-vindos à Universidade de Verão 2016.

Este é Van Niekerk, ganhou a final dos 400 metros masculinos nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Ganhou a medalha de ouro das Olimpíadas, mas ganhou também o facto de ter quebrado o record do mundo. O que é mais curioso em Van Niekerk é que, mais importante do que ter o ouro e ter quebrado o record mundial, foi uma conquista pessoal.

Ele é filho de Odessa Swarts, uma atleta sul-africana que começou a correr na escola primária. Foi campeã escolar, venceu campeonatos regionais e chegou a revelar-se como uma das melhores atletas da África do Sul. Infelizmente, nunca participou nos Jogos Olímpicos devido ao regime do apartheid.

Ou seja, Van Niekerk faz aquilo que a mãe não conseguiu fazer, ganha a medalha com que a mãe sonhou e foi o filho a ganhá-la. Ou seja, o filho desfrutou de uma liberdade que à mãe não foi consentida.

Esta é outra atleta olímpica, Samia Yusuf Omar, uma corredora somali que participou nas Olimpíadas de Pequim em 2008. Representou a Somália nos 200 metros femininos. Samia continuou a treinar e tinha o sonho de conquistar uma medalha – não conseguiu.

Partiu rumo à perigosa e longa jornada de muitos que tentaram fugir da guerra e da violência. Em 2012, Samia Yusuf Omar tentou cruzar o Mediterrâneo num bote de borracha que naufragou e ela morreu nas águas deste mar que o Papa Francisco já disse que se está a transformar no maior cemitério da Europa.

Como parece não haver liberdade para milhões de pessoas que morrem ou são deslocadas pela violência da guerra. E o mais gritante são as crianças vítimas da loucura dos adultos.

Esta imagem vocês conhecem bem, Omran, 4 anos, fotografado coberto em sangue e em poeira, nesta fotografia, a bordo de uma ambulância após um ataque aéreo Alepo, na Síria. Parece ter sido um ataque russo, embora os russos neguem. Pequim, que também apoia Bashar al-Assad, também negou o ataque e as vítimas. Vou citar, de acordo com o regime chinês, "o vídeo é suspeito de ser falso e é parte da propaganda da guerra do Ocidente” – fim de citação.

Segundo os russos, "trata-se de uma exploração cínica e de propaganda cliché contra a Rússia” – fim de citação.

Omran, os irmãos e os pais, foram atingidos por bombardeamentos em Alepo e Omran assistiu à morte do seu irmão Ali, que não resistiu aos ferimentos.

A estas pessoas tem sido negada a liberdade. A liberdade de construir uma vida digna, a liberdade de construir a sua felicidade.

Vocês têm a liberdade essencial, e desde logo a liberdade de decidir se querem preocupar-se e agir ou se preferem ser indiferentes.

Se me perguntarem o que é isto da Universidade de Verão, eu diria que a Universidade de Verão é um espaço para recusar a indiferença. E citando um homem que conheci em Estrasburgo, um filósofo, espanhol, Fernando Savater, autor do livro que vos recomendo, dirigente do movimento contra o Nacionalismo Basco, Basta Ya, que o levou a ser galardoado com o Prémio Sakharov, ele disse em 1997, e escreveu num livro dele: "se o que nos ofende ou preocupa é remediável, devemos pôr mão à obra. E se o não é, torna-se ocioso deplorar, porque este mundo não tem Livro de Reclamações”.

E porque este mundo não tem Livro de Reclamações, nós somos convocados para a ação. Mas a ação com regras. Como dizia Francisco Sá Carneiro, fundador do PSD, "se a política sem risco é uma chatice, sem ética é uma vergonha”.

E é isto que queremos com a Universidade de Verão, convocar-vos para a intervenção cívica e política, em nome de valores e com ética.

Receberam todos, quando chegaram, o vosso dossier. Têm aí as informações mais relevantes, têm folhas brancas que podem usar para as vossas notas, vão colecionando os currículos dos nossos convidados – já têm dois agora, terão dois logo no jantar, e todos os dias terão mais para juntar ao vosso dossier –, e têm as regras para tudo.

Vão aperceber-se, rapidamente, que nesta Universidade há regras para tudo – há regras para as aulas, há regras para os jantares, há regras para os trabalhos de grupo. Mas há cinco regras mais importantes, essas são as cinco regras fundamentais.

A primeira é ter vontade, não está aqui ninguém obrigado.

A segunda é querer saber mais. Ao contrário do que alguns preconceituosos pensam, querer saber mais não é um sinal de ignorância, pelo contrário. Todos sabem que a curiosidade é um sinal de inteligência.

Em terceiro lugar, é ser pontual. Faço-vos o mesmo desafio que fiz com sucesso desde 2003, em treze edições que já se realizaram da Universidade de Verão. Vamos surpreender o país. Para nós, dez horas não são dez e trinta; para nós, dez horas não são dez e vinte; para nós, dez horas não são dez e dez, nem dez e cinco, nem dez e dois. Dez horas são dez-zero-zero.

O país nunca percebeu esta prova de pontualidade que os participantes nas Universidades de Verão têm dado ao longo destes catorze anos. Vamos começar tudo a horas para acabar tudo a horas. Tudo começa de acordo com o relógio e tudo acaba de acordo com o relógio.

Em quarto lugar, ser solidário. Dentro do vosso grupo e dentro da Universidade de Verão.

E finalmente, ser construtivo. Contribuam com as vossas sugestões para melhorar a Universidade de Verão.

Têm também nas vossas pastas o "Quem é Quem”. O "Quem é Quem” é uma oportunidade para darmos a cara, todos nós, participantes, membros da organização, convidados. Revelamos o que somos, o que desejamos, o que sonhamos, o que mais apreciamos. Estou certo de que, no final da semana, nos vamos conhecer melhor, ainda, uns aos outros.

Quem está cá, candidatou-se, foi selecionado, e devo confessar-vos que esta é a parte da organização da Universidade de Verão de que eu menos gosto. Não gosto nada do processo de avaliação. Pegar em tantos candidatos e ter que escolher apenas cem. Não é uma decisão individual, é um júri coletivo que toma essas decisões, a que eu tenho o privilégio de presidir.

Mas estamos sempre na angústia de termos deixado de fora alguém que era muito bom e que devia estar cá dentro. Ao longo destes anos nunca nos doeu a sensação de termos errado em quem escolhemos, isto é, nunca achámos que erramos em meter cá dentro quem não merecia.

A nossa convicção é que vocês são os melhores, e aquilo que vos peço é que, ao longo da semana, provem que nós tínhamos razão. E vão ver que vos vamos tratar como uma seleção nacional. Na organização, no rigor, nos detalhes de que se vão apercebendo todos os dias. Na qualidade do programa e na qualidade dos oradores.

Como é que vão ser os vossos dias? Um dia típico é o dia que vamos ter amanhã. Há um ou dois dias atípicos, mas um dia típico começa, de manhã, às dez-zero-zero (sugiro-vos que cheguem cinco minutos antes, para às dez-zero-zero estarmos a iniciar a aula). Amanhã será a aula de Economia e Finanças com a Prof.ª Maria Luís Albuquerque. Esta aula termina, o mais tardar, ao meio-dia e meia. Ao meio-dia e meia termina mesmo.

E à uma hora temos no primeiro andar, no local onde vamos jantar hoje, um almoço buffet. Às 14.30, às duas e meia, teremos o "Falar Claro” comigo e com o Rodrigo Moita de Deus que, o mais tardar, termina às cinco horas. No bar, no primeiro andar, é servido um lanche às cinco horas.

Às cinco e meia entramos nos trabalhos de grupo que devem decorrer até às dezanove, o mais tardar às dezanove e trinta, para vocês terem um compasso de espera entre o fim dos trabalhos de grupo e o jantar. E o jantar começa, impreterivelmente, às 20 horas, e o jantar de amanhã será com o Dr. Jaime Gama.

Quer nas aulas, a que nós chamamos temas, quer nos jantares, cada grupo tem direito a fazer uma pergunta. E um dos desafios que vocês vão ser solicitados a fazer em grupo é distribuir de forma equitativa as oportunidades de intervenção. Todos têm de falar e não pode haver uns a falar muito mais do que os outros.

Há ainda uma facilidade a que chamamos o "Catch the Eye”, que está explicado nas regras e os vossos conselheiros vos explicarão melhor, que são as perguntas livres que existem nos temas e que garantem que pessoas mais interessadas num tema, embora não destacas pelo grupo, possam usar da palavra.

Vocês estão numa universidade interativa, como vão ter oportunidade de ver; foi por isso dissemos que se quisessem trazer os vossos tablets, os vossos smartphones, os vossos computadores, podiam fazê-lo. E, em papel, vão ter, todos os dias, uma revista de imprensa. Ela vai começar a aparecer em grandes headlines , em grandes destaques, nos quartos, nas televisões dos vossos quartos, e aqui na sala de aulas, antes da aula da manhã. Mas receberão em papel uma revista de imprensa feita pela Lorena, porque vocês são uma seleção nacional, não podem ficar aqui fechados. Têm que saber o que está a acontecer em Portugal, no mundo e na Europa.

Têm também a UVTV, que é o nosso canal de televisão, passa nas televisões dos vossos quartos. Todos os dias há programas novos e muitos de vocês vão ser solicitados a colaborar na UVTV.

Têm também o jornal diário, que é o JUV, o Jornal da Universidade de Verão, já receberam o número 0. Todas as noites, por volta das duas da manhã, ele é produzido e é colocado debaixo da porta dos vossos quartos. Como é evidente que a essa hora vocês já estão a dormir para se prepararem para o dia seguinte, bem comportados… portanto será colocado debaixo da porta dos vossos quartos. Como são quartos duplos, o jornal está personalizado com o vosso nome e, portanto, cada um sabe qual é o seu jornal.

Quem faz o jornal é o Paulo Colaço, é o Júlio Pisa, é o João Figueiredo, mas na prática são vocês, nas respostas às perguntas, aos desafios, e também ao fazer o You JUV, cada grupo, um dia, terá a ocasião de fazer uma página a que nós chamamos YouJUV; hoje à noite perceberão melhor como isso vai funcionar.

O Paulo Colaço lança também, através da Intranet, os chamados desafios do JUV. Portanto, estejam atentos à Intranet para responderem aos desafios do Jornal da Universidade de Verão.

Há participações não obrigatórias, mas vocês são convidados a participar a título individual – são participações que não mediadas pelos grupos. São as perguntas à distância: vocês, todos os dias, terão a oportunidade de fazer uma pergunta por escrito a quem é o nosso convidado para o jantar e a uma personalidade que está à distância. Hoje têm a ocasião de fazer perguntas ao Eng.º Jorge Moreira da Silva, ao Secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, e ao Presidente da JSD, Simão Ribeiro.

Amanhã terão ocasião de fazer perguntas ao Dr. Jaime Gama, que é o nosso convidado para o jantar, e à Joana Carneiro, que não pode vir a Castelo de Vide por razões de saúde, mas vai responder às vossas perguntas à distância. Com exceção do Simão, que, como está cá a semana toda, responderá a todas as perguntas que vocês lhe quiserem fazer, todos os outros convidados vão selecionar apenas duas das vossas perguntas e respondem a essas perguntas.

Todas as perguntas que vocês fizerem vão estar publicadas na Intranet, mas a publicação no JUV – no Jornal da Universidade de Verão – será apenas das duas perguntas escolhidas e das respetivas respostas.

Também terão ocasião de dar sugestões. As sugestões são sugestões para mim e eu respondo a todas. As sugestões é: vocês colocarem-se na posição de se fossem o Diretor da Universidade de Verão, o que fariam de diferente, o que corrigiriam, o que quereriam melhorar. Essas sugestões, eu posso dizer se concordo ou não concordo e, se concordo, se estou em condições de implementá-las de imediato, ou se já não consigo para esta edição fazê-lo e fica em agenda para a edição do próximo ano.

Podem fazer também o "Achei Curioso”. O "Achei Curioso” são pormenores da organização que vocês acharam curiosos, uma ideia original, a atitude de um convidado, qualquer coisa que vos despertou a curiosidade. O "Achei Curioso” são comentários vossos que o Paulo Colaço irá agarrar para dar destaque também no Jornal da Universidade de Verão.

E finalmente, podem também preencher o "Gostei de Ouvir” que, na prática, são citações. Algo que ouviram de um convidado e que acharam interessante e que quererão assinalar nas citações escolhidas.

Todas estas contribuições podem fazer em papel – vocês vão receber os papéis por escrito – ou podem fazer através da Intranet, já explicamos porquê.

Quais são os prazos para as perguntas à distância? Se entregarem em papel é até ao meio dia e meia, isto é, até ao fim da aula da manhã; se fizerem pela Net, será até às 14.30 horas. Porquê estes limites? Porque às 15 horas as perguntas são enviadas para o convidado, que responde durante a tarde, para nós colocarmos no JUV que está a ser feito à hora do jantar.

Também têm ocasião de dar sugestões para o Dicionário de Cidadania. O Instituto Francisco Sá Carneiro está a construir um Dicionário de Cidadania e vocês podem dar sugestões ao Dr. Pedro Reis, que é o Presidente do Instituto, sobre os termos, os conceitos que vocês gostariam que o dicionário tivesse. Podem limitar-se a pôr os conteúdos, o título, ou justificar porquê que acham esse conceito ou esse termo deve constar no dicionário.

Têm também participações obrigatórias. As participações obrigatórias são "O que aprendemos”; em cada aula, em cada tema, vocês devem preencher este impresso que vos é entregue, com uma, duas ou três coisas novas que aprenderam na aula. Se não aprenderam nada, dobram o papel e entregam em branco. Parece-me pouco provável que isso ocorra, mas pode acontecer. Pode acontecer que haja uma aula que não traga de novo para vocês. À saída devem entregar o vosso impresso juntamente com o voto de que vos vou falar a seguir.

Nós temos um slogan na Universidade de Verão que é "avaliar para melhorar”. E avaliamos os temas. Vocês, em cada aula, têm um impresso A4 com diversos quesitos a que devem responder. São nove quesitos, três vezes três. Três sobre o tema, três sobre o orador e três sobre a organização.

Sobre o tema, nós perguntamos se vocês acham o tema importante, se acham que ele foi interessante e se acham que ele trouxe novidades. A importância do tema não é depois de ouvirem, é antes de ouvirem. Ou seja, vocês podem achar que um tema sobre economia é muito importante, mas não gostaram do tema. Portanto, para não contaminar a votação da importância com o facto de ser ou não interessante, nós pusemos esse quesito a verde para vos convidar a responderem a essa pergunta antes de ouvirem a aula.

Sobre o orador, se soube da matéria, se transmitiu bem e se vos pôs à vontade. E sobre a organização, se os textos de apoio e os suportes audiovisuais eram bons e sobre o tempo dedicado a esse tema.

Esta votação é secreta, é anónima. É para vocês serem sinceros. Portanto, não façam votos por simpatia, digam aquilo que acharam mesmo, porque é isso que nos ajuda a melhorar esta iniciativa. Dou-vos um exemplo: exatamente com o Eng.º Carlos Pimenta, há uns anos atrás, o Eng.º Carlos Pimenta veio cá e fez uma intervenção notável, e os vossos colegas, nos textos de apoio, deram-lhe uma pontuação média entre 3 e 4. Ora, aconteceu que ele não distribuiu nada de papel. Portanto, a avaliação devia ter sido 1. E o facto de dizermos que ele não distribuiu papel em nada altera a avaliação que fazemos dele como comunicador no quesito se ele comunicou bem e se sabia da matéria.

Portanto, não façam votos por simpatia, façam votos sérios, com a vossa opinião rigorosa sobre cada quesito que vos é pedido.

A escala… é muito simples. Vai ser a escala que vos vai acompanhar ao longo desta semana toda. 1 é mau, 2 é pouco, 3 é suficiente, 4 é bom e 5 é muito bom. 1, 2, 3, 4, 5 – é uma escala relativamente fácil de decorar.

Finalmente, nesta universidade interativa, vocês, se não trouxeram os vossos equipamentos, os vossos computadores, os vossos smartphones, os vossos tablets, têm no primeiro andar uma área comum, junto ao bar, com dez computadores que podem usar para aceder à Intranet ou à Internet, para fazerem as vossas pesquisas e participarem.

Com exceção das duas participações obrigatórias, ou seja, do "Aprendemos que” e da "Avaliação do tema”, todas as outras participações podem fazer on-line e nós convidamos que façam on-line. Porque alguns de vós têm uma caligrafia muito original, e se enviarem em papel, a pessoa da organização que vai passar pode não respeitar a vossa ideia e inventar palavras que vocês não queriam inventar e, portanto, é mais seguro fazerem a vossa participação através da net.

[Risos]

Este é o endereço. Esta é a imagem da Intranet, e atenção que em cima têm uma área pessoal, vocês já receberam com a credenciação a vossa password para entrarem. Se entrarem com a vossa password nos computadores comuns, nos computadores coletivos, não se esqueçam, à saída, de fazer o logoff para impedir que um dos vossos colegas mais brincalhões aproveite o facto de vocês terem deixado a vossa sessão aberta e, com a vossa assinatura, façam comentários de que vocês se possam envergonhar. Portanto, tenham atenção ao logoff.

Minhas senhoras e meus senhores, no final desta semana, com tantos papelinhos, cruzinhas, avaliações e impressos, vocês vão ser tentados a reclamar, todos os anos acontece isso, a dizer: tanta burocracia, porquê que é isto assim? A razão é muito simples: é que para nós a vossa opinião é importante. E só recolhendo a vossa opinião passo a passo, é que nós estaremos em condições de melhorar esta iniciativa. Agradecemos aos vossos colegas e à opinião e à avaliação que exprimiram ao longo dos anos.

Se vocês tivessem estado aqui em 2003 não teriam pastas com informação, não teriam a UVTV, não teriam o You JUV, não teriam a simulação de assembleia, não teriam o "Falar Claro”, não teriam a apresentação dos trabalhos de grupo, não teriam revistas de imprensa, não teriam a visita a Castelo de Vide, não teriam debates oponentes e a Universidade de Verão era mais curta.

Todas estas inovações resultaram da opinião dos vossos colegas. Da avaliação que fizeram ao longo da semana, e esse esforço também vos vamos pedir a vós, para fazerem ao longo da semana a vossa avaliação e para fazerem a vossa avaliação final no último dia, no domingo, antes da sessão de encerramento, para podermos melhorar as próximas edições.

E dito isto, que sejam felizes na Universidade de Verão de 2016.

[Aplausos]

 
Simão Ribeiro

Boa tarde a todos. Eu costumo dizer, e quem me conhece sabe que digo isto muitas vezes, que nos dias de hoje fazer política no nosso país, antes mesmo de ser um puro ato de exercício da nossa cidadania, é, sobretudo também para jovens como vocês, um ato de coragem.

Acredito que constitui a decisão sincera, livre e consciente de sair e dar o melhor de si ao seu país e à sua comunidade. Eu tenho o privilégio de ter à minha frente a seleção nacional daqueles que decidiram sair da sua zona de conforto para se formarem melhor e, assim, poderem dar um contributo mais válido à sociedade.

Mas se hoje a Universidade de Verão é a mais conceituada e credível escola política em Portugal, acredito que tudo deve a um homem em particular. Um homem que escuta quando muitos outros, na mesma circunstância, discutem violentamente. Alguém para quem os jovens não são um mero futuro, adiável, mas são um presente absolutamente determinante e absolutamente decisivo. Alguém que empenhou grande parte da sua vida dedicada a formar gerações e gerações de cidadãos de enormes qualidades políticas, mas sobretudo gerações de cidadãos com enormes qualidades humanas. Eu não tenho dúvida de que todos os partidos gostavam de ter um, mas, é pena, é único, mas só nós temos a sorte, a honra e o privilégio de ter o Carlos Coelho como Reitor da Universidade de Verão.

[Aplausos]

Caras e caros alunos da Universidade de Verão 2016, cumpre-me igualmente cumprimentar alguém que, desculpem-me a expressão, é um produto da JSD. Um produto da JSD que investe na formação política, um produto da JSD que prepara quadros de qualidade para o nosso país. O produto da JSD do rigor e do trabalho sério, alguém que esteve sempre na linha da frente nos combates políticos, nos últimos anos, no nosso país, mantendo sempre elevados níveis de coerência, de seriedade e sempre, sempre, com espírito absolutamente leal e reformista.

E é sobretudo alguém que, sempre que a sua JSD chamou, esteve presente, ajudou, ensinou e contribuiu, e, portanto, eu peço o mais sincero aplauso para o primeiro vice-presidente do PSD, Eng.º Jorge Moreira da Silva.

[Aplausos]

Caro Duarte Freitas, Presidente do PSD Açores, meu amigo Pedro Reis, Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, Diretores Adjuntos da Universidade de Verão, Duarte Marques e Nuno Matias, caros conselheiros da Universidade de Verão, dos quais destaco, evidentemente, a Juliana, que, pelo seu esforço, pelo seu mérito, pela sua dedicação e entrega, no ano passado, quando esteve aí, do vosso lado, mereceu o convite para ser conselheira da Universidade de Verão, e hoje estará deste lado a ajudar-vos a aprender, a ajudar-vos a evoluir, e, acreditem, têm muito, muito, a aprender, não só com ela, mas com esta fantástica equipa de conselheiros da Universidade de Verão de 2016.

Caros convidados, alunas e alunos da Universidade de Verão, simplificando, caros "uvianos”, caras "uvianas”,

Albert Einstein dizia que insanidade é fazer todos os dias exatamente a mesma coisa e esperar, porventura, resultados diferentes. Eu atrevo-me a dizer que insanidade maior seria trazer esta seleção nacional para cá, para a Universidade de Verão, numa espécie de tentativa de vos evangelizar. Tentar trazer um grupo tão heterogéneo como o vosso, composto por homens e mulheres de experiências completamente diferentes e distintas uns dos outros, oriundos de diferentes pontos do país, em que a maior coisa e mais forte coisa que têm em comum são os vossos sonhos e o vosso querer, a vossa vontade de lutar pelo país, eu diria que seria ainda mais insano tentar pegar em tudo isto, apenas e só, para vos ensinar o politiques, o ataque barato, o ataque desprovido de qualquer tipo de utilidade cívica e política.

Insano seria, precisamente, e repito, trazer-vos para cá para vos evangelizar numa espécie de doutrina política, cega, seguidista e obtusa. Minhas amigas e meus amigos, acreditem, para nós formar não é formatar. Repito: para nós, Universidade de Verão, formar é tudo menos formatar.

[Aplausos]

Quanto mais verdadeiros e sinceros forem, quanto maior for o vosso sentido crítico, quanto mais pensarem pela vossa própria cabeça, acreditem que melhor e mais útil será o contributo que darão à política portuguesa e melhor será o contributo que dão ao vosso país. E é precisamente isto que nós vamos tentar estimular, em cada um de vós, durante esta semana. Durante esta semana serão testados os vossos limites – e acreditem que eu sei o que estou a dizer.

Aprenderão, talvez, como nunca, o verdeiro significado da expressão trabalhar em grupo. Durante este tempo a palavra "cansaço” – e permitam-me este sorriso – assumirá um significado completamente diferente nas vossas vidas. Com os melhores, eu estou certo, aprenderão muito sobre economia e finanças púbicas, sobre ambiente e inovação social, terão tempo para refletir sobre aquilo que afeta a nossa Europa.

Mas, muito, mas mesmo muito mais importante que tudo isto, aprenderão que na política também há espaço para amizade verdadeira e para o companheirismo a sério, gratificante e genuíno. E aprenderão que na política tem sempre, mas sempre, que haver sobretudo respeito por aqueles que pontualmente são os nossos adversários.

Aprenderão que, para que possa valer a pena, e para que faça sentido, todo e qualquer ato público tem sempre que ser desempenhado com ética, rigor, espírito de sacrifício e, sobretudo, com sentido apurado de sentimento e sentido comunitário.

Sejam muito bem-vindos à Universidade de Verão de 2016 e permitam que vos diga: apertem o cinto, a viagem começa agora!

[Aplausos]

 
Pedro Reis

Muito boa tarde a todos. Eu começo, obviamente, por cumprimentar o meu caro Carlos Coelho. Eu não me canso de elogiar a admiração genuína que tenho – e eu não sou de gastar palavras – porque acho realmente que é extraordinário o que o Carlos e a sua equipa têm feito ao longo dos anos nesta Universidade de Verão. Não é só o PSD que lhe deve muito, é o país que lhe deve muito, só por esta iniciativa, como se não fosse necessário muito mais do que tem dado.

Deixem-me cumprimentar também o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, meu caro Jorge Moreira da Silva, Duarte Freitas, Simão e o Duarte Marques, já agora, também administrador do Instituto Sá Carneiro… e dar umas palavras muito breves, para manter-me aqui nos cinco minutos que me foram atribuídos, para falar, justamente, do ponto de vista do Instituto Sá Carneiro, como é que eu vejo aqui a Universidade de Verão, deste ano em particular.

Houve uma frase que o Carlos Coelho disse há pouco, ou um exercício que vocês vão ter que fazer, que me suscitou a complexidade que este ano eu acho está acrescida. Há um exercício em que têm que simular o governo e a oposição, eu acho que verdadeiramente este ano a dificuldade é acrescida e também a complexidade. Porque nós temos uma oposição que se porta como governo, felizmente, mas temos um governo que se porta como oposição.

E isso tem muito que se lhe diga sobre o momento - que eu não vou desenvolver, há aqui alguém que o fará muito melhor do que eu, o Jorge Moreira da Silva – mas tem muito a ver, olhando para as vossas caras, olhando para a vossa geração, projetando-me – e não foi há tantos anos assim – e olhando e procurando perscrutar o que vocês pensarão do país, e acho que há claramente uma interrogação que se sente cada vez mais, que é um problema de confiança.

Eu acho que esse é o grande problema. E ainda bem que esta Universidade está cheia, ainda bem que esta sala está cheia, porque esta é a verdadeira defesa, a última defesa de que, felizmente, as novas gerações não desistirão do país. Portanto, eu acho que é crucial a Universidade de Verão, a vossa adesão, a vossa motivação e, deixem-me defendê-lo, até porque sou novo na casa, tenho a honra de suceder ao Carlos Coelho também aqui… o Instituto Sá Carneiro tem um papel próprio a fazer nestes anos difíceis, exigentes, que temos pela frente, que não tinham que ser assim, mas calharam-nos na rifa, infelizmente, com as derivações e deambulações desta não governação.

Ou seja, quando o país, e a vossa geração em particular, está cansado já de instabilidade – não só instabilidade política, mas instabilidade das políticas, da impreparação, a má imagem dos políticos, a insensibilidade para muitos dos verdadeiros temas que nos tocam a todos, e, muitas vezes, a indiferença justamente nas camadas mais novas da população.

Portanto, o que toca aqui ao Instituto Sá Carneiro a fazer nos próximos meses, se assim o conseguirmos, e com a vossa ajuda – e desde já estão convidados -, é não aquela discussão superficial, tática, quase que eu diria mediática, de a ver se, a cada novo ciclo, se renova, já não digo a liderança, mas os discursos e as ideias. Eu acho que o PSD e a sua direção, e este líder em particular e este presidente em particular, têm afirmado algo que é muito importante; é que os problemas estruturais estão lá todos. Aqui não se trata de renovar discursos por renovar, trata-se de ir ao encontro dos verdadeiros problemas. Não vou desenvolvê-los, podia falar da dívida pública, do desequilíbrio orçamental, desequilíbrio das contas externas, da falta de investimento…

Portanto, acho que o grande desafio da Universidade de Verão, do PSD, do Instituto Sá Carneiro, todos em conjunto, é: um, afirmar uma alternativa, porque o país precisa de esperança. À falta de confiança que se sente no país responde-se com esperança. Gerar um novo ímpeto reformador; e chegar a mais gente. Isto é absolutamente determinante.

E aqui entro justamente no tema do Instituto Sá Carneiro. Eu, e a equipa que tenho o privilégio de liderar na administração do Sá Carneiro, temos dois grandes objetivos.

Um: abrir a discussão, abrir as portas, abrir as janelas a gente válida. Não estarmos sempre à volta dos mesmos. Não serem sempre os mesmos intervenientes políticos, não serem sempre os mesmos comentadores, não serem sempre os mesmos entrevistados, não serem sempre as mesmas autoridades sobre cada matéria.

O país precisa também de sentir renovação. Eu acho que a Universidade de Verão aí é, mais uma vez, extremamente importante, e o Instituto Sá Carneiro pode-o ser. E obviamente, arrastado por descortinar que não sejam sempre os mesmos, gente válida nas mais variadas disciplinas pelo país fora, encontrar uma reciclagem, um refrescamento do pensamento político e também técnico. Por isso, queremos no Instituto Sá Carneiro – obviamente com a defesa e o bom senso de quem tem também aqui um orçamento apertado, são os tempos do país, são assim – mas queremos fazer e organizar os encontros Sá Carneiro, que irão desembocar numa conferência Sá Carneiro, queremos renovar o site, queremos desenvolver iniciativas locais, queremos reforçar, repensar, refrescar parcerias externas – já tenho estado a falar com a Fundação Adenauer nessa matéria. Queremos dar visibilidade mediática a novos temas. Queremos, numa palavra, (obviamente tratar da formação, também, em interação aqui com o Sr. Diretor da Universidade de Verão), mas, numa palavra, queremos abertura.

Abertura a pessoas, abertura a temas e abertura a iniciativas. E, se possível, não ser mais do mesmo.

Deixem-me, muito rapidamente, elencar dez temas que resolvemos tratar nos próximos meses. O desafio da mundialização, o primeiro tema.

Que trunfos tem afinal Portugal.

A União Europeia e a Sociedade Civil, uma relação ainda por cumprir, a nosso ver.

Como reinventar a política e o sistema eleitoral e reencontrar o cidadão – eu acho que muito se trata aqui de vos ouvir, mais do que vos dizer. Qual o nosso… e como chegar a um futuro viável. Ou seja, que recursos quer a sociedade afetar aos custos sociais. Porque depois é mais fácil responder à segunda pergunta que é: como aplicá-los.

O Estado em crise fiscal – como repensar o sistema fiscal.

Um sexto tema é o futuro sustentável – da energia ao ambiente.

O sétimo, a justiça social e a inclusão.

O oitavo, como construir e reforçar o Portugal Atlântico e o mar.

Nono, cultura e língua portuguesas, afinal que política.

E, obviamente, o dez, uma síntese destes aspetos todos, Portugal, identidade, ideia e desígnio.

O ponto aqui não é ser original nos temas. Nós somos o país dos diagnósticos – está tudo pensado. O ponto está em se conseguiremos, em conjunto, contribuir, o Instituto Sá Carneiro, para a identificação de políticas concretas, porque é aí que falha Portugal, é na implementação, a meu ver.

Portanto, eu diria que o papel do Instituto Sá Carneiro, e aproveito esta oportunidade para referir, poder-se-ia dividir em cinco eixos fundamentais, e com isto termino.

Primeiro, lançar ideias para o debate. E estão todos convidados a contribuir através do Instituto Sá Carneiro, são muito bem-vindos. O Duarte Marques está cá estes dias todos e pode fazer muitíssimo bem a ponte.

Segundo, qualificar a discussão pública e cívica.

Terceiro aspeto, já disse, quanto mais independente for o Instituto Sá Carneiro, mais serve a sociedade e o mandato que o Presidente do partido me deu e nos deu. Ou seja, abrir o máximo possível a independentes as nossas ações, as nossas iniciativas, o nosso pensamento. Quanto mais abrirmos, mais interessante se torna a discussão.

Quarto ponto, tenho aqui à frente certamente muitos, descortinar novos valores.

E quinto e último ponto, obviamente, procurar enriquecer com a discussão a agenda e o programa para um futuro governo do PSD.

Termino, muito rapidamente, nesta síntese (penso que cumpri os cinco minutos) com o elencar, a meu ver, do grande desafio que nós temos pela frente em 2016. O país já sentiu que esta solução que tem neste momento, de governo e de estratégia para o país, não serve. Mas não nos acomodemos nesse aspeto; também o PSD tem que provar que temos projeto para os próximos anos, que merecemos outros quatro anos, como eu espero, de governação. Que sabemos construir em relação ao que já está feito e ir mais além. E isso é um papel que está muito nas vossas mãos.

Às vezes, olhando para estes painéis que vão ver ao longo da semana, de gente muito qualificada, felizmente muito respeitável, podem pensar que o vosso contributo é reduzido. Eu não acho! Eu acho que a intervenção de quem está na linha da frente será tanto melhor quanto mais vos souber ouvir.

Muitos parabéns e muito boa sorte.

[Aplausos]

 
Jorge Moreira da Silva

Meu caro Carlos Coelho, Diretor desta Universidade de Verão, que já vai na sua décima quarta edição, caro Duarte Freitas, caro Pedro Reis, Simão Ribeiro, o nosso Presidente da Câmara de Castelo de Vide, o Deputado Cristóvão Crespo, quero também cumprimentar o Duarte Marques e o Nuno Matias, que são Subdiretores desta Universidade de Verão, e a Juliana Correia, e cumprimentar de uma forma muito enfática toda a equipa que com o Carlos Coelho trabalha nesta Universidade de Verão. Há uma longa lista de pessoa, nem todas são visíveis, nem todas têm o protagonismo que o Carlos merecidamente tem, mas que, durante muitas e muitas semanas, trabalharam para que esta vossa experiência seja uma experiência única. E estou certo que a forma como viverão esta semana será marcante para a escolha que vierem a fazer de participação política.

Eu tenho 45 anos e nunca me esqueço do momento em que decidi servir os outros, em que decidi que era na política que podia acrescentar algo relativamente ao mundo onde vivia. E julgo que não há nada mais importante do que encontrarmos a nossa causa, a causa que queremos servir, em especial quando essa causa está totalmente direcionada para o bem comum.

Tinha 17 anos, era secretário-geral de uma associação de estudantes, e decidi organizar – não estava na JSD – um abaixo-assinado para protestar contra a poluição que uma empresa provocava junto da minha escola. Conseguimos juntar duas mil assinaturas e conseguimos resolver o problema. Recordo-me que foi a partir daí que decidi militar na JSD porque sentia que a JSD, sendo uma organização de juventude, podia ser um espaço onde eu poderia continuar a servir os outros.

Todos nós chegamos à política por razões diferentes. Se perguntarmos a todos os que estão nesta mesa, todos chegam à política por razões diferentes, mas ninguém esquece o momento em que iniciou a participação cívica.

Eu conheço o Carlos Coelho há 25 anos, sou amigo do Carlos Coelho há 25 anos. E ele mantém intacta essa energia e esse espírito de militância de humanista.

Carlos Coelho é deputado europeu. É um deputado europeu que criou trabalho e criou uma reputação muito importante na área dos direitos, liberdades e garantias. Conseguiu conciliar aquilo que é a segurança, com a privacidade e com o sentido humanista. Eu penso que a forma como ele iniciou esta Universidade de Verão, a forma como descreveu o percurso e os desafios de pessoas que neste momento vivem numa situação de enorme insegurança, permitiu ver, uma vez mais, o Carlos Coelho de há 25 anos, que entende a política como uma oportunidade para estar ao serviço dos outros. E acreditem, no final desta semana tornar-se-ão grandes amigos do Carlos Coelho, tal como eu próprio me tornei.

Eu não queria fazer uma longa intervenção e gostava, obviamente, de secundar todas as palavras anteriores. Eu penso que terão oportunidade esta tarde, esta noite, com o Duarte Freitas, de verificar que o Duarte Freitas é um verdadeiro estratega. E que os Açores não podem perder esta oportunidade.

O Duarte Freitas é um dos políticos que mais laços criou na relação transatlântica e na visão para o arquipélago, simultaneamente europeu e atlântico. Fui testemunha, também como deputado europeu, mas depois enquanto dirigente do partido, da grande capacidade, da reputação, da credibilidade de que goza, tanto nos Estados Unidos como em vários países europeus.

Tem uma visão do desenvolvimento moderno que acredita na inovação, no ambiente, no empreendedorismo, que acredita na economia verde e na economia do mar. E eu espero, sinceramente, que esta noite possam, tal como eu, testemunhar esta grande capacidade, e eu estou certo de que os Açores não perderão a oportunidade de eleger o Duarte Freitas como Presidente do Governo Regional.

[Aplausos]

O Simão Ribeiro, com a sua irreverência, já vos convocou para uma semana exigente, e o Pedro Reis enunciou a oportunidade da abertura à sociedade civil que preconiza para o Instituto Francisco Sá Carneiro, como uma forma de renovação do partido e de articulação com um tecido muito dinâmico que existe na sociedade. Eu sou, simultaneamente, vice-presidente do partido e sou presidente de um think-tank que tem mais de 500 pessoas, a maior parte das quais não fazem parte do PSD.

É perfeitamente possível estarmos num partido político e procurar conciliar pontos de vista com outras pessoas que estão fora do partido político onde militamos. E estou certo de que o Pedro Reis conseguirá desenvolver as atividades que acabou de enunciar.

Deixem-me ir agora diretamente ao tema que me traz para a abertura desta Universidade de Verão.

Sempre que visitamos, participamos, e eu sou provavelmente o orador com mais presenças nesta na Universidade de Verão, tanto nestas sessões de abertura, como com as aulas (consegui ultrapassar o Presidente da República, dado que nos últimos dois anos não pôde participar nesta Universidade de Verão), sempre que encaramos estes cem jovens estamos, na prática, a encarar o futuro.

Portanto, a vossa responsabilidade é uma grande responsabilidade. O PSD olha para cada um de vós encarando o futuro. Vós sois o futuro do PSD. Seja na militância, seja na intervenção ativa fora do partido, olhamos para cada um dos jovens desta Universidade de Verão como protagonistas do futuro. E há, porventura, poucos temas tão relevantes para distinguir projetos políticos como o tempo.

O tempo, no fundo, avaliarmos se um determinado político, se um determinado partido, se um determinado projeto, tem os seus olhos colocados no futuro ou no passado, acaba por determinar, por distinguir, por diferenciar os projetos políticos. Nós hoje temos, desse ponto de vista, uma situação paradigmática. Porventura, nunca foi tão fácil como hoje perceber a diferença entre os projetos políticos no que diz respeito ao referencial "tempo”.

O governo das esquerdas tem como único objetivo o de resgatar o passado. Tem medo do futuro e quer basicamente resgatar o passado. Resgatar o passado na Europa, resgatar o passado no Estado, resgatar o passado em Portugal. E, por isso, os verbos que conjuga são os verbos recuar, reverter, revogar.

Do lado do PSD, pelo contrário, nós queremos reabilitar o direito ao futuro. Queremos construir o futuro com inconformismo no diagnóstico e com reformismo na ação. Temos um desígnio claramente definido na moção de estratégia global que foi aprovada no último Congresso.

Temos uma ambição clara: queremos colocar Portugal como uma das principais referências mundiais do desenvolvimento económico, social e ambiental. E acreditamos que é possível, outros já o conseguiram e Portugal também já o conseguiu no passado. E para que esta ambição seja realista, é não só necessário sermos inconformistas no diagnóstico, como disse, mas sermos essencialmente reformistas na ação.

Se há fator que distingue o PSD dos outros partidos, em especial dos partidos que hoje governam, é precisamente a circunstância de assumirmos o reformismo como principal método de intervenção política. E de assumirmos o futuro com esperança e com ambição e não tanto, como se tem verificado, encarar o passado como o principal projeto.

E é por essa razão que, tratando-se a Universidade de Verão de um exercício de preparação do futuro, sendo os alunos da Universidade de Verão o futuro, e estando para breve as eleições autárquicas, eu gostava de, muito brevemente, desenvolver um tema que está totalmente relacionado com este desígnio de futuro, que é o das cidades.

As cidades têm hoje uma relevância sem paralelo na nossa história. Dois terços da população mundial, dois terços do PIB mundial, estão concentrados nas cidades. E, portanto, as cidades, simultaneamente, envolvem grandes riscos, são capazes de potenciar problemas do ponto de vista social, do ponto de vista ambiental, mas, ao mesmo tempo, encerram em si mesmas grandes oportunidades de investimento, de desenvolvimento económico, social e ambiental.

E, por isso, as cidades acabam por ser uma boa analogia do que são os projetos de desenvolvimento futuro.

Em segundo lugar, assiste-se hoje nas cidades a um conjunto de novas tendências que têm, até, uma certa disrupção quanto aos seus efeitos.

Primeiro, alterações demográficas. Por um lado, o envelhecimento, por outro lado, o fluxo populacional do interior para o litoral e das áreas rurais para as áreas urbanas. Estes fatores a que estamos a assistir em Portugal, são fatores que ocorrem também à escala mundial.

Prevê-se que, no prazo de dez anos, 50% da população esteja concentrada nas megacidades, nas cidades que têm mais de dez milhões de habitantes. Por isso, as alterações demográficas, em especial quando passaremos de mais de seis mil milhões de habitantes para mais de nove mil milhões de habitantes, nos próximos vinte anos, assumem um fator de disrupção na vida das cidades e tornam, obviamente, o tema das cidades um tema de futuro.

Em segundo lugar, temos vindo a assistir ao alargamento dos perímetros urbanos e ao efeito donut. À medida que as cidades se vão urbanizando e suburbanizando, temos vindo também a assistir ao efeito donut de esvaziamento do centro das cidades. Existem causas para que isso ocorra, também em Portugal, e sobre isso me referirei adiante.

Em terceiro lugar, assiste-se hoje nas cidades a tendências pesadas do ponto de vista da importância do ambiente. Por um lado, é nas cidades que residem grandes oportunidades de combate à poluição, de melhoria da qualidade de vida, mas também as cidades enfrentam as consequências da mudança climática, seja com cheias mais frequentes, seja com ondas de calor também cada vez mais frequentes.

A vida nas cidades está, cada vez mais, determinada pelas condições ambientais. Reparem, se hoje já temos esta situação, imagine-se o que acontecerá nos próximos 15 anos – não estou a falar dos próximos 100 anos – nos próximos 15 anos, quando tivermos de enfrentar um aumento do consumo de energia em 45% à escala mundial, um aumento do consumo de água em 30% e um aumento do consumo de alimentos em 50%.

Por isso, podemos concluir, no que diz respeito às questões ambientais, que as cidades são, em si mesmo, fator de preocupação, mas também encerram grandes oportunidades de resolução das questões globais.

Quarto fator, o potencial da economia verde. O Eng.º Carlos Pimenta vai desenvolver este tema. A economia verde vale hoje cinco biliões de dólares (cinco trillion dólares), cresce a 5% ao ano e espera-se um investimento, nos próximos quinze anos, superior a cinquenta trillion dólares na área da energia. Uma grande parte desse investimento terá de ser feito nas cidades – na área da mobilidade, na área das infraestruturas, na área da energia.

E, finalmente, vivemos hoje nas cidades uma nova tendência que é a da revolução industrial. A revolução industrial ocorre hoje a um ritmo mais acelerado, quando olhamos para a evolução tecnológica isso é notável, mas ocorre também com uma grande integração de tecnologias.

Todos nós temos visto o dilema Uber/táxis, Spotify/empesas discográficas, temos visto também as questões associadas ao car to go e às empresas de aluguer de veículos, ao Airbnb e aos hotéis. Essas tensões entre novos modelos de desenvolvimento e os incumbentes é apenas a ponta de um icebergue muito mais profundo que é o de uma revolução tecnológica que está em curso, relativamente à qual, nas cidades, se joga uma decisão fundamental: hesitar, adiar, seguir ou liderar.

E é por isso, por estas tendências, tendências demográficas, tendências de urbanização, tendências ambientais, tendências de economia verde, tendências industrias que, nas cidades, se encerram um conjunto de desafios que procurarei enunciar com a maior brevidade, dado que me foram atribuídos 25 minutos.

O quê que nós precisamos nas cidades? Dado que as cidades do futuro são um tema incontornável, e não é um tema apenas ambiental; é um tema social, é um tema económico, é um tema de cidadania, é um tema ambiental. Que tipo de cidades necessitamos, e qual é o papel que a política pode ter nestas cidades do futuro?

Em primeiro lugar, precisamos de cidades reabilitadas. Cidades que contrariem este efeito donut. E não precisamos, para que isso aconteça, de políticas assistencialistas ou de reversões estruturais. O diagnóstico está feito há muito tempo em Portugal.

Temos 700.000 fogos devolutos; temos um milhão de casas em situação degradada; temos 80% de habitação própria e apenas 20% no mercado de arrendamento; temos apenas 10% do volume de negócios da construção civil concentrada na reabilitação urbana.

Perante este cenário, o que é necessário fazer? O que é que nós fizemos? Penso que esta é uma das áreas, aliás, onde mais facilmente se distinguem dois projetos políticos completamente diversos. Enquanto estivemos no governo, fizemos a reforma do arrendamento, pondo fim ao congelamento das rendas, salvaguardando a proteção dos mais carenciados e das pessoas com mais de 65 anos. Isto é, definimos um período de transição de cinco anos e aprovamos, em junho de 2015, um subsídio de renda para compensar, quando o período de transição terminasse, em 2017, o diferencial entre a renda antiga e a renda nova.

Isto é, conseguimos pôr fim ao congelamento das rendas, que na prática inviabilizavam o arrendamento urbano e a reabilitação urbana. Mas ao mesmo tempo fizemo-lo protegendo aqueles que mais necessitam e criando condições para que esse subsídio pudesse ser usado na própria habitação ou, se o arrendatário assim quisesse, mudando para um outro contrato.

Paralelamente, aprovámos o regime excecional de reabilitação urbana para pôr fim a um conjunto de regras e de encargos que tornavam, na prática, a reabilitação urbana muito mais cara do que a nova construção.

Fizemos a reforma do ordenamento do território, concentrando no PDM todas as regras que estavam dispersas por uma série de planos e programas. Cancelámos o solo urbanizável que, na prática, absorvia toda a expectativa e toda a especulação imobiliária.

O que é que este governo fez? Este governo decidiu pôr fim ao subsídio de renda e pôr fim à reforma do arrendamento urbano. Isto é, nós tínhamos fixado um período de cinco anos de transição e, a partir daí, vigorava um subsídio de renda, garantindo aos arrendatários a possibilidade de, com esse subsídio, ficar nesse contrato ou mudar de contrato.

Este governo, por razões orçamentais que não quer assumir, decidiu cancelar o subsídio de renda, aprovado em 2015, e reverter a reforma do arrendamento, voltando a congelar as rendas. Esta opção, obviamente, não é compatível com uma opção de reabilitação urbana.

Congelar as rendas e, ao mesmo tempo, não proteger os arrendatários mais vulneráveis, na prática, quer dizer que queremos continuar a ter 700.000 fogos devolutos, uma grande parte em Lisboa e no Porto, e ter uma maior procura do lado da nova habitação e da habitação própria do que do mercado do arrendamento.

Em segundo lugar, precisamos de cidades competitivas. O Pedro Reis sabe bem disso; o Pedro Reis fez uma grande parte do seu percurso, quando estivemos no governo, andando pelo mundo fora, tentando atrair, com bons resultados, investimentos para Portugal. E ele sabe, como nós sabemos, que hà mesma hora em que estamos aqui reunidos, estão por esse mundo fora reunidas outras pessoas com a vontade de atrair investimento para a sua cidade.

Isto é, quando se atrai investimento, não se atrai investimento para o país ou para um determinado concelho. Atrai-se investimento para um país e para um concelho, para projetos que sejam consistentes do ponto de vista da estratégia que queremos prosseguir.

Quando um governo que junta o PS e a extrema-esquerda, reverte a reforma do IRC, que previa, com o nosso governo, que até ao final desta legislatura, descesse o IRC para 17%. Quando está a reverter reformas como o arrendamento urbano, questões associadas ao mercado de trabalho, na prática, está a dizer que não quer ter investimento nas cidades.

Portanto, se queremos ter cidades do futuro, uma grande parte da estratégia passa por assegurar que, quando alguém olha para Portugal, olha para as cidades portuguesas como locais de atração, de atração de investimento, de projeto e de pessoas.

Terceiro lugar, precisamos de cidades sustentáveis. O ambiente deixou de ser, há muito tempo, aquela caixinha onde se arrumava um conjunto de direitos das próximas gerações. O ambiente é hoje um motor de desenvolvimento e um motor de prosperidade, de riqueza e de emprego.

Nós sabemos que nas cidades temos grandes oportunidades de infraestruturação, na área da água, do saneamento, dos resíduos. Que temos grandes oportunidades de eficiência energética – há muito para fazer em Portugal para reduzir o consumo de energia. Essa é a mais verde das energias, a poupança energética.

Temos grandes oportunidades para o autoconsumo, para as energias renováveis, para a mobilidade elétrica, para a mobilidade sustentável. Mas para que isso aconteça, é necessário: primeiro, reformismo; segundo, objetivos consistentes e ambiciosos que perdurem.

O que é que aconteceu aqui? Portugal era, até há um ano, triple A na área verde. Quando alguém olhava para Portugal, olhava para um país que não fez da crise um fator de adiamento ou de hesitação na área verde, mas, pelo contrário, fez da crise uma razão adicional para liderar na área verde. Nós assumimos que no ambiente e na energia residia uma grande capacidade de desenvolvimento, de crescimento e de emprego.

Portugal foi classificado, em 2014 e em 2015, como décimo melhor país do mundo na área da energia; como quarto melhor país do mundo na área das alterações climáticas; como quinto melhor país do mundo no desenvolvimento sustentável.

A reforma da fiscalidade verde, as reformas da energia, as reformas na área do ambiente foram consideradas pela OCDE, pelo Banco Mundial, pelas Nações Unidas e pela Comissão Europeia como casos exemplares à escala mundial.

O quê que acontece hoje? Eu estava a fazer a viagem aqui para Castelo de Vide e recebi um alerta de um site conhecido, do "Politico”, que é, como alguns sabem, o órgão de comunicação social eletrónico que acompanha as questões europeias e que tem, obviamente, uma grande capacidade de influenciar o pensamento de muitos dos que investem.

E senti, obviamente, uma enorme tristeza com o que li. Depois de tudo o que passámos, depois de tudo o que os portugueses passaram, também na área verde, passámos da área de liderança para um caso problemático. Diz-se, nessa peça, que na prática Portugal abandonou a aposta nas energias renováveis, abandonou a aposta na mobilidade elétrica, abandonou o objetivo de interligações energéticas com Espanha e com França, que conseguimos resgatar em 2013, o que essa peça diz é que, com a mudança de governo, Portugal passou da posição de pequeno país com uma enorme e fantástica ambição, aquilo a que, nas negociações de 2013 e 2014, os outros governos se referiam como a opção portuguesa, para um deserto.

Hoje, as instituições europeias, os outros governos, aqueles que nos observam de fora, dizem que na área do ambiente e na área da energia, somos um deserto. Quer isto dizer que as reformas estruturais que fizemos, e que deram resultado, em apenas um ano – não foram quatro anos –apenas num ano conseguiram criar um dano reputacional que urge reparar.

É inaceitável que, tendo Portugal conseguido cortar quatro mil milhões de euros nas rendas excessivas, conseguindo passar de 45% para 62% de eletricidade renovável em quatro anos, tendo conseguido multiplicar por cinquenta o número de veículos elétricos nas cidades, de repente, com reversões, hesitações e recuos, apenas por revanchismo, se tenha conseguido passar de uma posição de liderança para uma posição problemática.

Eu espero que o Partido Socialista acorde; eu espero que o Partido Socialista perceba que este condicionamento a que está sujeito pela aliança que criou, está, na prática, a criar um dano não só ao próprio Partido Socialista, mas um dano a Portugal.

Quando nós conseguimos proteger as energias renováveis, quando aplicámos a taxa da energia sobre as grandes empresas, mas protegemos o setor das renováveis, mostrando que era possível compatibilizar competitividade e sustentabilidade, conseguimos atrair investimento.

Quando dissemos que queríamos fazer de Portugal um exportador de eletricidade renovável para a Europa e conseguimos garantir 10% de interligações entre Portugal, Espanha e França, meta que há décadas procurávamos alcançar, e que não se tinha conseguido garantir do ponto de vista vinculativo, estávamos a definir um novo paradigma energético.

Quando o atual governo tem uma narrativa adversa, ao nível da fiscalidade verde, dos incentivos à mobilidade elétrica, tem uma abordagem política de anúncio de uma taxa sobre as energias renováveis, quando procura ceder à chantagem do Bloco de Esquerda, que nunca gostou de energias renováveis e que nunca acreditou no papel da Economia Verde, porque nunca acreditou que fosse possível compatibilizar economia e ambiente, está, na prática, a criar um problema de investimento e de crescimento.

Eu espero, sinceramente, que este tema seja rapidamente superado; Portugal merece voltar a ser considerado líder mundial na área do ambiente e na área da energia.

Em quarto lugar, precisamos de cidades mais inteligentes. Como eu disse há pouco, está uma revolução industrial em curso. No armazenamento de energia, na impressão 3D, na biotecnologia, na genética, nas tecnologias da informação e comunicação, nos veículos não tripulados.

Neste momento, as nossas cidades têm de decidir se querem ser um laboratório vivo de atração de projetos de investimento, ou se queremos ter uma regulamentação e um discurso político que, na prática, afasta esse investimento. Por isso, uma grande capacidade de atração de investimento reside precisamente nesta oportunidade de fazermos da revolução tecnológica, que está em curso, uma grande oportunidade para as nossas cidades.

Prometo que estou a concluir.

Em quinto lugar, precisamos de cidades mais resilientes. A mudança climática, infelizmente, é inexorável nos próximos anos. Aquilo que fizermos hoje será fundamental para prevenir as consequências daqui a vinte anos ou daqui a quinze anos, mas tudo aquilo que já fizemos nos últimos cinquenta anos já nos deixou uma fatura pesada que vamos continuar a pagar, com fenómenos de seca cada vez mais frequentes, com inundações, com um conjunto de fenómenos climáticos extremos que degradam o litoral. Isto significa que as nossas cidades têm de ter estratégias de adaptação.

Precisamos de cidades mais participadas, onde a cidadania possa beneficiar o interesse comum e os cidadãos não sejam convocados apenas de quatro em quatro anos para dobrar um cartãozinho e esperar que os autarcas possam depois cumprir aquilo que estava previsto. Temos todas as condições, e está aqui um Presidente de Câmara, que é testemunha – o nosso anfitrião – da possibilidade de envolvermos os cidadãos no dia-a-dia da vida dos nossos concelhos.

E finalmente, precisamos de cidades mais conectadas, isto é, de cidades que participem em rede.

O temas das cidades, como procurei enunciar nesta intervenção, é um tema incontornável. Será um tema incontornável do próximo ano, na medida em que, por um lado, teremos eleições autárquicas, e por outro sabemos que, se quisermos ter investimento em Portugal, investimento sustentável, investimento duradoiro, uma grande parte desse investimento depende da estratégia das cidades.

As cidades são, portanto, um tema do futuro. E estando eu a olhar para o futuro, para os jovens desta Universidade de Verão, quero terminar lançando-vos um desafio: que façam desta Universidade de Verão, também, uma oportunidade para refletirem sobre o tema das cidades e para ajudarem o PSD a aperfeiçoar e a melhorar a sua estratégia sobre o tema das cidades.

Muito obrigado e boa sorte!

[Aplausos]

 
Nuno Matias

Muito boa tarde a todos. Como já perceberam, esta semana, que desejamos seja inesquecível, tem na organização desta Universidade um conjunto de pessoas que quer fazer convosco um percurso que, à medida que se aproximar o dia de domingo, comece a apertar a saudade daquilo que viveram, aprenderam e cresceram.

Um elemento essencial desse percurso são os conselheiros desta Universidade de Verão que têm a missão de ser o primeiro elo de ligação de vós connosco, para vos passar as informações, para tirar as dúvidas, para vos acompanhar, mas sobretudo, também, e uma vez que foram também ex-alunos, passar tudo aquilo que é o espírito, a nossa motivação, e aquilo que desejamos seja para vocês uma experiência inesquecível e irrepetível.

Nesse sentido, gostaria de vos apresentar os cinco elementos essenciais nesta Universidade de Verão, que vos irão acompanhar, de forma a que tenham tudo aquilo de que necessitam, toda a ajuda que é fundamental, todos os esclarecimentos que sejam necessários.

E pedia ao nosso primeiro Vice-presidente, ao Eng.º Jorge Moreira da Silva, e ao nosso Presidente da JSD, Simão Ribeiro, que, em conjunto com a Susana, pudessem entregar aos nossos conselheiros, que gostaria de apresentar, para que todos pudessem saber a quem podem recorrer, sendo certo que todos estamos aqui para vos ajudar, naquilo que é uma ambição de todos, é que tenham todo o sucesso e saiam daqui com a sensação de dever cumprido.

E em primeiro lugar chamava o decano dos nossos conselheiros, o meu querido amigo Jorge Varela, que foi aluno em 2006, e será conselheiro dos grupos Laranja e Rosa.

[Aplausos]

Chamo também o Fausto Matos, que foi aluno em 2010, e que será conselheiro dos grupos Cinzento e Castanho.

[Aplausos]

Chamo também a Sofia Oliveira, que foi aluna o ano passado, e que será conselheira dos grupos Bege e Roxo.

[Aplausos]

O Rafael Neto, também aluno do ano passado, que será conselheiro dos grupos Encarnado e Verde.

[Aplausos]

E por fim a Juliana Correia, que já todos conhecem, que será conselheira dos grupos Amarelo e Azul.

Para além disso, recordar-vos que teremos o jantar formal de abertura a partir das 20 horas, sendo certo que será no piso 1, e terão à vossa disposição mesas identificadas com o estandarte do vosso grupo, e onde poderão começar a conhecer-se melhor e a planear o trabalho que terá de ser feito.

Depois do jantar terão a primeira reunião dos grupos. E não se esquecerem que, antes de sair da sala, têm que deixar as perguntas para os nossos convidados, os presentes e aqueles que se disponibilizam para falar convosco. No caso, o Secretário-geral do Partido, o Presidente da JSD, bem como o nosso primeiro Vice-presidente do Partido, Jorge Moreira da Silva.

Para finalizar, também dar-vos nota de que, a seguir ao jantar, os trabalhos de grupo serão feitos… no caso da sala de aulas estarão os grupos Encarnado, Verde, Laranja e Rosa, e na sala de jantar os grupos Amarelo, Azul, Bege, Roxo, Cinzento e Castanho.

No fim, e à saída, terão também uma lembrança que a JSD nacional preparou para vocês que é a nova revista que eu penso que se chama Quórum.

Muito obrigado. Tenham muito sucesso e boa sorte!

[Aplausos]